Cerveja Artesanal em Latas: O que levar em consideração para investir neste tipo de embalagem?

O segmento de cerveja artesanal de fato cresceu nos últimos anos no Brasil. Atingimos o número superior a 1.000 cervejarias artesanais registradas no MAPA, o que mostra a proporção e potencial deste segmento. Juntamente com o crescimento, vem também a necessidade de inovação por parte das cervejarias que precisam estar constantemente apresentando e criando novas formas de atingir o público, que aos poucos deixa de ser seleto e tende a crescer. O consumidor de cervejas artesanais tem como característica central a busca por novos sabores e experiências, normalmente não são leais a uma marca ou estilo, o que exige muita criatividade por parte das cervejarias que precisam acompanhar e sanar tal necessidade. Além de receitas, é muito importante que a cervejaria pense na experiência com embalagens, e neste ponto tem crescido muito a comercialização do produto envasado em latas. A embalagem metálica pode ser uma forma diferente de apresentar a cerveja, fugindo do já tradicional chope ou das garrafas, e essa não é uma tendência particular da cerveja artesanal, no mundo todo há um movimento em volta de bebidas envasados em lata como vinho, drinks (alcoólicos ou não), café, chá e agora mais recentemente no Brasil até água (conforme anunciado pela AmBev com sua água Ama). A lata é uma embalagem perfeita para acondicionar bebidas, do ponto de vista hermético e também pelo fato de evitar o contato com a luz, o que permite conservar as características da bebida por mais tempo. Além disso, a embalagem tem um grande apelo ecológico. Mas o que de fato, uma cervejaria artesanal deve levar em consideração para investir neste tipo de embalagem?

 

Capacidade produtiva / Mix de produtos O primeiro ponto que deve ser levado em consideração é a capacidade produtiva da cervejaria e o perfil das embalagens vendidas. É importante considerar isso, pois o perfil de consumo dos clientes da cervejaria pode influenciar, consequentemente, no consumo de latas. Por exemplo, cervejarias que tem a maior parte do produto vendido em chope, tem uma oportunidade maior de trabalhar no mix com latas. Caso a cervejaria já tenha grande parte dos produtos em garrafa devem entender e estudar quais produtos e a quantidade que serão levados para a lata.

· Objetivo/Perfil: É importante planejar e entender qual será o posicionamento do produto envasado em latas. Dependendo da quantidade e de como a cerveja é comercializada, pode ocorrer um conflito no próprio mix produtos da cervejaria, e tendo em vista que o investimento não é baixo, o ideal seria que as latas somassem no mix evitando uma possível canibalização de outros produtos. Além disso, o posicionamento é fundamental. Hoje temos alguns exemplos no mercado, pode-se posicionar o produto em lata num mercado de cervejas extremas, onde normalmente encontra-se produtos de maior complexidade e consequentemente maior valor agregado, ou pode-se posicionar a lata em uma categoria mais simples, o famoso produto “de combate” que também é uma estratégia. O ideal é entender qual o público as latas pretendem atender.

· Equipamento de envase e processos Após definido o perfil e a quantidade do produto que será levado para lata a cervejaria terá dados suficientes para especificar o tipo de equipamento que será usado para o envase e definir os seguintes pontos:

01. Velocidade de envase (latas/hora);

02. Tecnologia de envase (Automático, Semiautomático, Linear, rotativa, gravidade, isobárica, etc);

03. Quantidade de O2 incorporado pelo equipamento;

04. Qualidade dos roletes de recravação;

05. Confiabilidade do fabricante. Aqui também é importante definir quais serão os tamanhos das latas (as mais comuns são as 350 e 473ml), os fornecedores de lata, como serão os rótulos, se a cerveja será pasteurizada, o layout da planta de envase dentro da indústria e etc.

Todos estes itens terão impacto no maquinário necessário para esta operação. Ao contrário do que parece, para se comprar latas direto dos fabricantes não é necessário um pedido grande, afinal, estas indústrias estão de olho no segmento de artesanais e tem flexibilizado nos lotes mínimos, desde que se compre a lata sem litografia (rótulo impresso direto na lata). Os rótulos também estão cada vez mais acessíveis. Podem ser adesivos, e deste modo será necessária uma rotuladora para aplicação dos rótulos. Ou podem ser rótulos do tipo sleeve, que são rótulos termo encolhíveis. Esta segunda opção requer um aplicador e um túnel para encolhimento. Pasteurizador pode ser por imersão ou túneis em linha. Tudo vai depender do volume de latas que será produzido e existem diversos fabricantes nacionais com equipamentos interessantes. Algumas cervejarias podem questionar como será a aceitação de seus produtos em latas, e para os mais conservadores existe a opção de iniciar a produção de envase em latas com empresas que fazem este serviço de forma “mobile”, que consiste basicamente em levar uma envasadora de latas até a cervejaria e produzir um lote. Existem prós e contras neste processo, o grande benefício é a oportunidade de testar como os produtos da cervejaria serão aceitos neste tipo de embalagem sem a necessidade de um alto investimento em equipamentos, porém é importante atentar-se em relação aos equipamentos usados neste modelo de negócio, que por vezes não entregam qualidade de envase, assim como promovem grandes perdas durante o processo e os valores cobrados por lata envasada podem ser altos, o que por vezes podem tornar a primeira experiência com latas não tão boa. De todos os modos, informação e muita pesquisa tornarão esta etapa mais assertiva para a cervejaria.

Por: Anderson Carvalho

Mini currículo: Técnico Cervejeiro pelo ICB e Gerente Comercial com mais de 10 anos de experiência em Vendas Técnicas no B2B.

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